Fragmentos frescos: primeiras pistas da próxima exposição
Um fragmento direto do ateliê: cor, textura e as primeiras pistas da exposição de Dezembro.
“Pinto como respiro.” — Pablo Picasso
Introdução
Sexta-feira pede revelações. Não todas, claro — artista que se preze sabe que o suspense também é matéria-prima. Então, aqui fica: a primeira dentada visual do que aí vem na próxima exposição.
O detalhe que conta uma história
Na foto vês a mão, a tinta fresca, a espátula a rasgar a tela. Não é pose, é processo. E se mostra só um canto, é porque a obra inteira ainda não pode sair do ateliê. O segredo também pinta.
As primeiras telas
Estão a nascer em camadas grossas, quase escultóricas. Verdes que lembram selva, laranjas que piscam olho ao fogo. Textura a pedir que passes o dedo (não, não podes). É o lado físico da pintura — gesto, corpo, suor — que às vezes esqueces quando olhas só para o quadro pendurado.
Porquê mostrar agora?
Porque a exposição já respira, e tu mereces um cheirinho. É como abrir a panela antes da sopa estar pronta: sabes que ainda falta, mas não resistes a espreitar.
Fecho
👉 Moral artística da novela: este é só o primeiro fragmento. Até Dezembro, o blog vai largando pistas frescas…
10 coisas que um pincel pensa quando está esquecido num copo de água
O diário secreto de um pincel esquecido: 10 pensamentos trágico-cómicos que nunca mais vais conseguir “desouvir”.
Tu esqueces o pincel no copo de água. Para ti é só distração… mas para ele é tragédia. Entre bolhinhas e tinta diluída, o pincel vive um drama que nunca chega às galerias.
10 pensamentos molhados de um pincel esquecido
Isto não é spa, é tortura medieval.
Se eu fosse vinho, já me tinhas resgatado.
Estou a dissolver-me… adeus dignidade.
Olha que giro: bolhinhas! … espera, isto sou eu a morrer.
A vizinha escova está a gozar comigo.
Quem precisa de terapia aqui sou eu, não tu.
Quando secar, vais chorar por cada linha fina perdida.
Se ao menos tivesse sido lápis… eles nunca se afogam.
Chamam a isto processo criativo? Parece mais um castigo do IKEA.
A próxima vez, deixa-me no cavalete… ao menos morro de pé.
👉 Em bom português: o que interessa é isto — nunca subestimes o drama de um pincel molhado.
Escultura minimalista: simples ou enganadora?
A escultura minimalista pode parecer simples, mas esconde escolhas radicais e uma atenção quase obsessiva ao essencial.
Linhas depuradas, silêncio em madeira e ferro.
“Menos é mais.” — Ludwig Mies van der Rohe
A escultura minimalista parece, à primeira vista, simples. Linhas puras, formas despojadas, ausência de floreado. Mas será mesmo assim tão linear?
👉 A ilusão da simplicidade
O olhar distraído pode pensar: “Qualquer um fazia isto.” Mas o difícil está em chegar ao essencial sem cair na monotonia. Tirar, cortar, limpar… até que só reste o indispensável.
👉 O diálogo entre vazio e forma
Na escultura, o espaço vazio não é ausência — é parte da obra. O vazio molda o volume, cria tensão, sugere presenças que não estão lá mas quase se sentem.
👉 Porquê enganadora?
Porque por trás de cada linha “simples” está um trabalho de escolhas radicais: o que fica e o que desaparece. A economia formal exige uma atenção quase obsessiva.
👉 Queres ver como o minimalismo ganha corpo?
Passa pela Na Galeria para descobrir a coleção completa.
E, se quiseres explorar as peças (ainda) disponíveis para compra, visita também a página Figurativismo Abstrato Minimalista.
👉 Conclusão de café
Minimalismo não é preguiça. É risco, é precisão, e é confiança em deixar que o essencial fale sozinho.
5 coisas que nunca devias dizer a um artista
Cinco frases que parecem inofensivas, mas que podem deixar um artista à beira de atirar o pincel pela janela.
“Um artista é alguém que vende o que já não tem.” — Picasso (com a sua fina ironia, claro)
Todos temos aquele amigo que acha que está a ser simpático… mas diz a frase errada.
Se queres evitar olhares mortais e silêncios constrangedores, aqui ficam 5 pérolas que nunca devias soltar a um artista:
“Isso dá para viver?”
(Ah, obrigado pela preocupação… agora vou ali comer a minha tela com molho de acrílico.)“Mas quanto tempo é que isso demorou?”
(Como se o valor estivesse no cronómetro e não na criação. Spoiler: não é Uber Eats.)“O meu filho também faz igual.”
(Parabéns ao teu filho. Talvez ele seja um génio. Talvez tu não percebas nada.)“Fazes-me um desconto?”
(Sim, claro, e tu no teu trabalho aceitas metade do salário, não é?)“Isso eu também fazia.”
(Então… porque é que não fizeste?)
👉 Conclusão de café
Respeita o artista, aprecia a obra e, se não tens nada de inteligente para dizer, elogia a cor…
Picasso: génio ou vendedor de ilusões?
Picasso: génio inegável ou mestre das ilusões? Entre o artista revolucionário e o vendedor do próprio mito, a verdade talvez esteja no meio.
Pablo Picasso, 1950s. Fotografia de André Villers.
“Leva anos para aprender a pintar como os mestres, mas uma vida inteira para voltar a pintar como uma criança.” — Pablo Picasso
Picasso foi génio ou foi um excelente vendedor de ilusões?
A pergunta incomoda, porque mexe com o pedestal onde o colocámos.
De um lado, o génio inegável:
Reinventou-se em vários estilos, do azul ao cubismo.
Destruiu convenções e abriu portas a quase tudo o que hoje chamamos de arte contemporânea.
Criou obras icónicas que até quem não gosta de arte reconhece.
Do outro, o mestre da ilusão:
Sabia provocar, escandalizar e chamar atenção como poucos.
Vendeu-se (e vendeu-nos) a ideia de que qualquer traço seu era arte.
Transformou a sua persona num espetáculo — e isso também se paga caro.
Gertrude Stein, que conviveu com ele em Paris, dizia:
“Ele é espanhol, tu sabes… e para um espanhol, o mundo é um palco.”
E o crítico Robert Hughes não poupava ironia:
“Picasso tinha tanto de vendedor como de pintor. Mas talvez fosse esse o segredo da sua grandeza.”
👉 O que sobra é esta ambiguidade deliciosa: Picasso foi artista e performer, pintor e vendedor, génio e ilusionista. Talvez seja isso que o torna eterno — não se consegue encaixá-lo numa só caixa.
E tu? Quando olhas para um Picasso, vês génio, truque ou os dois ao mesmo tempo?
👉 Moral artística da novela
Picasso pode ter vendido ilusões, mas talvez seja esse o maior dos seus talentos: convencer-nos de que a arte é mais do que tinta na tela — é também a história que acreditamos ver.
O que é arte, afinal?
O que é arte, afinal?
Não são só museus e paredes brancas.
Às vezes é um rabisco no guardanapo, um silêncio entre duas notas… ou simplesmente mãos cheias de tinta e café quente ao lado.
Tinta e café — os combustíveis oficiais da insanidade criativa.
“Arte é aquilo que faz o teu coração bater mais rápido. Ou mais devagar. Mas nunca indiferente.” — Anónimo
Arte não é só museus e paredes brancas.
Arte pode ser o rabisco no guardanapo, a foto desfocada que afinal tem mais alma do que a “perfeita”, ou até o silêncio entre duas notas de guitarra.
É pessoal, mas também universal.
É sério, mas pode ser uma palhaçada genial.
É trabalho duro, mas também um golpe de sorte.
👉 O truque? Não precisa de definição única. Precisa é de espaço para respirares e sentires.
👉 Em bom português: o que interessa é isto
Arte é tudo o que te obriga a parar por um segundo e pensar: “Espera aí… isto mexeu comigo.”