Mesmo em lágrimas, a arte respira.

Há dias em que a alma decide chorar antes de eu perceber porquê.
As lágrimas chegam sem aviso,
sem nome,
sem explicação que caiba em palavras.

São rios que descem do cansaço,
da ausência de retorno,
do peso de criar num mundo que nem sempre escuta.

E eu deixo.
Deixo que lavem o que a coragem já não alcança,
que desfaçam o nó que o silêncio aperta.

Porque talvez chorar também seja continuar —
uma forma secreta de resistir
quando tudo em mim quer desistir.

Amanhã talvez volte a erguer-me.
Não por força,
mas por fidelidade a algo em mim
que insiste em existir.
Mesmo cansado.
Mesmo sem aplausos.
Mesmo em lágrimas.

👉 Moral artística da novela: criar é, às vezes, chorar de pé.

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O lugar da Palavra — onde o silêncio encontra forma