5 coisas que nunca devias dizer a um artista

Cinco frases que parecem inofensivas, mas que podem deixar um artista à beira de atirar o pincel pela janela.

“Um artista é alguém que vende o que já não tem.” — Picasso (com a sua fina ironia, claro)

Todos temos aquele amigo que acha que está a ser simpático… mas diz a frase errada.
Se queres evitar olhares mortais e silêncios constrangedores, aqui ficam 5 pérolas que nunca devias soltar a um artista:

  1. “Isso dá para viver?”
    (Ah, obrigado pela preocupação… agora vou ali comer a minha tela com molho de acrílico.)

  2. “Mas quanto tempo é que isso demorou?”
    (Como se o valor estivesse no cronómetro e não na criação. Spoiler: não é Uber Eats.)

  3. “O meu filho também faz igual.”
    (Parabéns ao teu filho. Talvez ele seja um génio. Talvez tu não percebas nada.)

  4. “Fazes-me um desconto?”
    (Sim, claro, e tu no teu trabalho aceitas metade do salário, não é?)

  5. “Isso eu também fazia.”
    (Então… porque é que não fizeste?)

👉 Conclusão de café
Respeita o artista, aprecia a obra e, se não tens nada de inteligente para dizer, elogia a cor…

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Picasso: génio ou vendedor de ilusões?

Picasso: génio inegável ou mestre das ilusões? Entre o artista revolucionário e o vendedor do próprio mito, a verdade talvez esteja no meio.

Pablo Picasso, 1950s. Fotografia de André Villers.

“Leva anos para aprender a pintar como os mestres, mas uma vida inteira para voltar a pintar como uma criança.” — Pablo Picasso

Picasso foi génio ou foi um excelente vendedor de ilusões?
A pergunta incomoda, porque mexe com o pedestal onde o colocámos.

De um lado, o génio inegável:

  • Reinventou-se em vários estilos, do azul ao cubismo.

  • Destruiu convenções e abriu portas a quase tudo o que hoje chamamos de arte contemporânea.

  • Criou obras icónicas que até quem não gosta de arte reconhece.

Do outro, o mestre da ilusão:

  • Sabia provocar, escandalizar e chamar atenção como poucos.

  • Vendeu-se (e vendeu-nos) a ideia de que qualquer traço seu era arte.

  • Transformou a sua persona num espetáculo — e isso também se paga caro.

Gertrude Stein, que conviveu com ele em Paris, dizia:

“Ele é espanhol, tu sabes… e para um espanhol, o mundo é um palco.”

E o crítico Robert Hughes não poupava ironia:

“Picasso tinha tanto de vendedor como de pintor. Mas talvez fosse esse o segredo da sua grandeza.”

👉 O que sobra é esta ambiguidade deliciosa: Picasso foi artista e performer, pintor e vendedor, génio e ilusionista. Talvez seja isso que o torna eterno — não se consegue encaixá-lo numa só caixa.

E tu? Quando olhas para um Picasso, vês génio, truque ou os dois ao mesmo tempo?

👉 Moral artística da novela
Picasso pode ter vendido ilusões, mas talvez seja esse o maior dos seus talentos: convencer-nos de que a arte é mais do que tinta na tela — é também a história que acreditamos ver.

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O que é arte, afinal?

O que é arte, afinal?
Não são só museus e paredes brancas.
Às vezes é um rabisco no guardanapo, um silêncio entre duas notas… ou simplesmente mãos cheias de tinta e café quente ao lado.

Tinta e café — os combustíveis oficiais da insanidade criativa.

“Arte é aquilo que faz o teu coração bater mais rápido. Ou mais devagar. Mas nunca indiferente.” — Anónimo

Arte não é só museus e paredes brancas.
Arte pode ser o rabisco no guardanapo, a foto desfocada que afinal tem mais alma do que a “perfeita”, ou até o silêncio entre duas notas de guitarra.

É pessoal, mas também universal.
É sério, mas pode ser uma palhaçada genial.
É trabalho duro, mas também um golpe de sorte.

👉 O truque? Não precisa de definição única. Precisa é de espaço para respirares e sentires.

👉 Em bom português: o que interessa é isto
Arte é tudo o que te obriga a parar por um segundo e pensar: “Espera aí… isto mexeu comigo.”

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